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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

As vidraças da janela ( Quem sabe amanhã talvez.)



Lá fora uma chuva torrencial chacoalha as azaleias secas pelo intenso inverno. Até pouco tempo atrás as crianças pulavam nas poças, e daqui da janela os cantos ainda arranhados pela ultima transa desabrocham num sorriso tímido. Agora ninguém lá fora, ninguém aqui dentro, apenas algumas fotos penduradas em armadores contaminam o quarto com felicidade.
O vento frio assobia pelas frechas dos buracos da janela. Os remendos com fita adesiva que fiz não servem de nada, acho que os antigos donos desse quarto eram detestáveis, pois as vidraças garantem isso, sinal de repulsa por qualquer um que passe por esse terreno baldio.
Volto pra debaixo do cobertor, a cama está ainda quente...O assobio, agora se torna canção estridente.
Um odor de comida estragada chega até minhas narinas, as luzes se apagam, pego o celular, e com sua luz fraca clareio até encontrar na bagunça da mudança, alguma vela. Acendo uma ao lado da cama, bem onde coloquei alguns livros que tenho que ter para meu próprio bem ao meu lado.
Ouço passos no corredor, meu coração de súbito chega a acelerar de forma descontrolada...Batem na porta, me coloco em pé, mas logo todo desfecho de felicidade acaba, quando sigo para a porta e ouço um casal, no apartamento ao lado chamando minha possível visita.
-Aqui...um nome qualquer que não entendi.
Volto pra cama e fico até a chuva passar, e já marquei na agenda que vou mandar consertar todas as vidraças que estão quebradas. Amanhã, acho.

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