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domingo, 15 de abril de 2012

Horizonte neblinado



Descuidada, ela pisa nas azaleias que as velhas senhoras cismam em arrumar num canto da calçada. Suspende como um passo de valsa, calmamente com as pontas dos dedos o vestido com medo que se rasgue entre os galhos secos.

Numa mesa situada no jardim, uns  velhos senhores, enquanto jogavam dominó, despreocupados com a vida, abaixam o pescoço num movimento uniforme, atentos para o desinteresse do vestido em cobrir as lindas pernas da moça.
Sem querer, deixa escapar um riso, tímido,  revelando aos seus adoradores o farol mais radiante que já viram em todas suas longas vidas. Um sorriso falho, com um charme único demonstrando um orifício apenas na maça do rosto.

Assim como as flores eram afastadas pelo vento a moça dava adeus, revelando aos despreocupados um interesse maior em permanecer nesse mundo.
E antes de se perder no horizonte neblinado, ela some, mas antes, acena, mais uma vez, deixando escapar o doce sorriso.

Foto:
Ju Macedo

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